

2024 - HERTZ
Ressonância
Objetivo do Projeto:
Desenvolver uma performance artística através da reconfiguração da mesa cimática/maquina/cavalo concebida pelo artista Leo Ceolin, visando atualizar sua estética e explorar conceitos da esquizoanálise, com ênfase no termo "Rizoma" e sua conexão com o novo projeto "Hertz". A proposta consiste em criar uma nova forma de apresentação do objeto, transformando-o em protagonista da performance, inserida em um ambiente imersivo e escuro. A performance terá como foco a interação entre as imagens projetadas nas paredes, geradas a partir da mesa centralizada, e trilhas sonoras cuidadosamente elaboradas para intensificar e dar movimento aos materiais dispostos na bandeja. O objetivo final é produzir filmes que capturem a essência da performance, conectando-os a uma experiência sensorial única e envolvente para o público.
O campo frequencial se apresenta como uma rota nômade, assemelhando-se aos vastos e diversos universos presentes no campo subjetivo, que se revela quando direcionamos nosso olhar, expandimos o tempo e estendemos nossas percepções. Dessa forma, criamos mudanças de direção e amplificamos a vida interior, liberando-nos de intenções preestabelecidas para explorar as variadas formas pelas quais nos constituímos.
Em uma performance, o artista e o público se tornam um único ente. O artista se movimenta livremente em um espaço compartilhado com o público, gerando intensidades. Os espectadores tornam-se agentes ativos em sua própria interpretação da realidade, moldando seus próprios campos de frequência. Nesse contexto, o campo subjetivo se manifesta como um espaço criativo e inexplorado, caracterizado por intensidades subjetivas e oportunidades objetivas.
Ao buscar novas perguntas e respostas, adentramos um campo dinâmico de forças em constante transformação, que se renova a cada instante. Dessa dinâmica, emerge uma linha sonora que permeia a vida, um fluxo voltado para a expressão criativa e diferenciação entre o real concreto e o real institucionalizado em nós. Nesse percurso perceptivo, surge o campo frequencial, um movimento constante que, a cada interação com uma superfície lisa, se transforma e se movimenta simultaneamente. Ele dá forma e revela novos aspectos da percepção, sempre se diferenciando de si mesmo a cada retorno, assim como os estímulos sonoros.
Essa superfície simbólica ocorre no campo virtual, emergindo do campo subjetivo, puro e despretensioso, assim como os cupins africanos que, ao se aprofundarem na terra por meio de pequenos túneis em busca de água, também cuidam da irrigação do solo. Essa analogia busca enfatizar que não há um projeto definido para as frequências, elas simplesmente acontecem como uma necessidade intrínseca, um mergulho direto na fonte que se auto experimenta, atravessando materiais e gerando corpos e fluxos. Esta é a linha nômade de viver pela experimentação e composição.
Essa vivência transcende os modos estabelecidos, atuando como uma reversão sonora que desarruma gestos, rasgando e abrindo espaços, criando vácuos que percorrem fluxos e ressonâncias na trama, gerando redes translúcidas e um circuito de dobras que retorna sobre si mesmo, produzindo uma singular força nessa experiência com fluidos e diversos materiais líquidos. Não é necessário preencher um formulário para adentrar no reino das frequências; ao invés disso, devemos criar uma ressonância com esses reinos, embarcar em um devir sonoro e expandir o tempo, rompendo com nossas cascas, enredos e alegorias padronizadas pelas velocidades eloquentes. Devemos criar uma linha de duração que se oponha à representação, mais próxima de um improviso do que de uma partitura.
Enquanto nos envolvemos em atividades urbanas e nos perdemos em dispositivos tecnológicos, uma frequência nos auxilia pelo contato direto com o ar, água, terra, líquidos, óleos e materiais infinitos, consolidando-se por meio do tato. O tato, um desejo ativo que abre caminhos para fluxos criativos, cria linhas de composição a cada interação gerada por essa experiência. É preciso estar atento, sensível e encontrar alegria em cada ponto de passagem. Cada ponto é como uma frequência nômade, sempre em busca de multiplicidade, uma plataforma aberta que jamais se fecha, modificando-se a cada experimentação.
HERTZ Ressonacia é uma plataforma que vai buscar ir alem; ela é a própria essência da criatividade, uma tela em branco ansiosa pelos primeiros traços, os primeiros rabiscos. Imagine isso como a história de um artista que se aventura em uma jornada repleta de descobertas, onde a própria essência da criação se desdobra em um oceano de possibilidades. Essa jornada é impulsionada pelos movimentos dos pigmentos de tinta, que se imergem em um "mar de diversos materiais, resultando em uma explosão de narrativas e histórias, como ondas quebrando na praia.
No início dessa jornada de exploração, imagine-se sintonizando notas musicais que dançam pelo espaço, como se estivessem buscando nas profundezas de nossas memórias. Essas memórias são como um baú repleto de lembranças, um processo complexo e delicado que abriga vidas invisíveis, histórias, emoções e sentimentos que nos consomem e nos nutrem. Elas são nossas mentoras, ensinando-nos os primeiros passos da vida, a respirar e a dar os primeiros passos. Essas memórias nos envolvem em corpo, espírito e pensamento, e é a partir do que não se vê, do desconhecido, que construímos nossa própria existência.
Um dos temas a ser abordado pelo projeto!
Contudo, nesse cenário, é crucial direcionar nosso olhar para os povos originários, os indígenas, que desempenharam um papel fundamental na formação da cultura e da história de muitas nações. Suas culturas ricas, rituais, espiritualidade e danças são um tesouro cultural que merece ser apreciado e respeitado. No entanto, eles também enfrentam desafios inimagináveis em sua luta contínua para preservar seus territórios contra a ameaça constante dos homens brancos, cuja busca implacável por lucro muitas vezes resulta na devastação da natureza.
Os rios, que outrora eram fontes de vida, agora testemunham a tragédia da poluição causada pela extração de ouro, com o mercúrio envenenando suas águas. O mar, antes um símbolo de beleza e abundância, agora chora e se revolta. As sombras se estendem pelos céus, enquanto os trovões ecoam em um lamento de desespero. Os "comedores de terra," obcecados por bens materiais em detrimento da conexão com a vida, parecem perdidos em uma busca sem fim.
Após uma profunda imersão no livro "A Queda do Céu" de Davi Kopenawa, um xamã Yanomami, sinto profundamente a dor e a luta desses povos para manterem suas identidades em um Brasil que, muitas vezes, parece ignorar suas próprias raízes. Essa experiência me inspirou a contribuir de alguma forma para a causa indígena, expressando a angústia que carrego, uma angústia frequentemente sufocada pela sensação de impotência diante dessa questão urgente.
Os Yanomamis enfrentam uma crise de saúde crônica, agravada pelo avanço do garimpo ilegal em seu território. A extração de minerais desestabiliza o ecossistema e aumenta a propagação de doenças, como a malária. A violência também cresce, com milhares de garimpeiros invadindo suas terras. Esta é uma situação que exige a exploração de narrativas visuais no "Mar de Leite" para sensibilizar as pessoas sobre esses desafios e questionar nossa própria realidade.
Uma experiência que combina pigmentos de tinta, leite e uma bandeja de aço com um alto-falante para criar movimentos vibracionais que revelam histórias por meio de filmes em tempo real. Essa performance explora a interconexão entre movimento, som e frequências sonoras, utilizando a bandeja cimática como um elemento cênico. A frequência e a vibração desempenham um papel crucial nessa experiência, como demonstrado pela ciência da Cymatics.
A frequência sonora gerada pelo alto-falante, quando transmitida pelo líquido na bandeja (o "Mar de Leite"), cria vibrações que moldam as imagens formadas. A adição de pigmento ao líquido dá forma às vibrações, gerando movimento e imagens. Uma câmera fotográfica profissional posicionada acima da bandeja captura essas imagens em constante evolução, transformando-as em histórias e caminhos.
Essa experiência é uma celebração da criatividade, da exploração das complexidades da existência humana e da urgência de preservar a diversidade cultural e a natureza. Ela nos convida a questionar nossa própria realidade e nos inspira a agir em prol de um mundo mais consciente e harmonioso, onde o tema não seja apenas um termo metafórico, mas uma metáfora para uma abordagem mais sustentável à agropecuária e à preservação do meio ambiente.