

FERNANDO MARTINS

Fernando Martins é um artista e pesquisador com uma trajetória de mais de 37 anos dedicada à dança contemporânea, integrando corpo, som, movimento e pensamento em uma abordagem interdependente. Suas práticas artísticas, sustentadas por pesquisas conceituais, exploram as dinâmicas entre dança, sonoridade e dramaturgia, abrindo novos horizontes de expressão.
Com base em Piracaia-SP, no espaço Plataforma Shop Sui, Fernando realiza produções autorais, colaborações artísticas e experiências sonoras que aprofundam seu diálogo entre corpo e ambiente. Suas principais linhas de pesquisa, "Brain Diving" e "A Dieta Aranha", conectam práticas corporais e reflexões filosóficas. "Brain Diving" investiga movimento consciente, respiração e articulação em um contexto psíquico-social, enquanto "A Dieta Aranha" inspira-se na interação entre a aranha e sua teia para explorar a interdependência entre corpo e espaço.
Sua produção sonora é essencial em sua prática. Projetos como "Hertz", que utiliza a cimática para criar paisagens sonoras imersivas, e seu trabalho no grupo GRUA – Gentleman de Rua, evidenciam sua capacidade de integrar música e movimento em experiências sensoriais. Formado em Produção Musical e especialista em Ableton Live, Fernando também desenvolve trilhas originais que dialogam com propostas coreográficas e dramatúrgicas.
Além de suas criações artísticas, Fernando promove workshops como o "Campo Frequencial Sonoro", que explora a interação entre frequências sonoras e movimento, e compartilha conceitos como modos orgânico, mecânico e individualista, oferecendo novas formas de percepção e conexão entre som, corpo e ambiente.
A filosofia e a esquizoanálise, influenciadas por pensadores como Deleuze e Guattari, moldam a base de seu pensamento, inspirando uma visão integrativa entre corpo, som e espaço.
Como cofundador da Random Collision, na Holanda, e colaborador em projetos interdisciplinares, como o "Experiment A", Fernando se destaca por sua capacidade de transitar entre múltiplos campos artísticos e científicos. Sua prática convida o público e os participantes a experimentar o corpo como um campo de ressonâncias, promovendo um diálogo sensorial e criativo que transcende fronteiras.


Pensamento
Só se pode ser ativo na medida em que efetue algum tipo de realidade a partir das forças que nos constituem e nos atravessam.
Essas forças só acontecem quando atuam como uma produção da própria potência que atravessa a força. A força como dimensão real da potência, e a potência como dimensão virtual da força.
Isso tudo vem preencher o desejo, o desejo como força necessária na criação de atividade que, ao fazer, o curso da força encontra o lugar da potência.
Ser ativo se torna coisa rara na dimensão desse pensar, pois a moral pressupõe a negação.
A moral espanta o desejo, aquece os buracos e esconde a luz. A moral nega que a natureza é perfeita e completa. O desejo produzido pela moral tira o caminho, mas o desejo longe da moral revela e ampara.
E não adianta recorrer ao recurso da linguagem da fala. Criar sobre o ponto de vista da moral é como criar um som calado.
Bio
No decorrer de 37 anos dedicados à dança, Fernando Martins concentra sua pesquisa no corpo, explorando diversas estéticas, modos e perspectivas de produção e pesquisa em dança. Mergulhando profundamente nas propostas artísticas de cada companhia que trabalhou, o artista vem aprimorando, nos últimos 10 anos, sua pesquisa na Plataforma Shop Sui: um espaço dinâmico dedicado ao seu processo criativo como artista independente em São Paulo, onde concentra suas expressões artísticas e abarca seus projetos autorais, co- criações e pesquisas em desenvolvimento, incluindo Brain Diving e A Dieta Aranha.
Aliado a isso, também buscou ao longo desses anos entrar em contato com experiências que pudessem potencializar sua dança. Dentre elas podemos citar: os Himbas na Namíbia (que dançam por outras razões que não para se apresentar, como fazemos no ocidente), o Taishi no Vietnã (que busca uma conexão plena entre razão e efeito), o Temaskal no México (que cria conexão entre campo concreto e campo virtual), as longas caminhadas percorridas (que reconfigura a ideia de limite e questiona “o que o corpo pode?”) entre outras. Essas vivencias trouxeram um amplo campo de possibilidades para estruturar uma dança mais conectada, que pudesse mover em direção a uma produção autoral.
Durante sua trajetória, a filosofia e a esquizoanálise foram cruciais para formação das ideias, agregando conhecimento aos seus estudos.
A fim de criar um diálogo e um pensamento criativo entre a relação música e dança, Fernando Martins explora a produção musical em sua pesquisa e criações, produzindo sons que podem ser integrados à ideias dramatúrgicas. Além de criar trilhas sonoras originais para seus projetos coreográficos, o artista também atua como produtor musical dentro de diversos grupos artísticos, desenvolvendo trilhas e promovendo ambientações sonoras, tal como em seu espaço de intérprete-criador no projeto GRUA - Gentleman de Rua e em seu projeto autoral Hertz, onde pesquisa a síntese sonora, desafiando-se a fazer emergir imagens de ondas sonoras utilizando a cimática, permitindo o encontro das linhas de frequência que ressoam e contagiam o corpo.
Formado em produção musical e especializado no Software Ableton Live pelo Studio Leo Casagrande (Certified Training Center), essa abordagem pode ser aplicada tanto na criação de peças coreográficas, quanto na elaboração de uma linguagem específica para sua dança, e também para outros criadores.
Dentre as expressões artísticas que a plataforma Shop Sui concentra estão as pesquisas de linguagem Brian Diving e A Dieta Aranha. Se originaram de suas próprias inquietações e questionamentos enquanto artista da dança e se desenvolveram a partir de encontros criativos e parcerias artísticas ao longo dos processos. Foram subsidiadas pelo programa de fomento à dança da cidade de São Paulo e pela ONG Finoca Almeida Cunha da cidade de Ribeirão Preto, respectivamente. Hoje estruturam o pensamento que permeia e organiza a plataforma Shop Sui e dão suporte conceitual e criativo aos trabalhos, em harmonia com a música e o campo frequencial.
Faz parte de sua trajetória importantes parcerias artísticas, tais como o papel como Co-fundador da Random Collison na Holanda (projeto que se dedica a subsidiar jovens coreógrafos em suas pesquisas e produções artísticas); o encontro com o cientista holandês Tom Postmes para o projeto Experiment A (onde aprofundou sua relação com os temas abordados em seus trabalhos coreográficos); e como intérprete-criador e produtor musical do GRUA - Gentleman de Rua.
As companhias de dança por onde passou trouxeram experiências singulares para seu desenvolvimento no coletivo e nas relações humanas, o deixando mais poroso aos atravessamentos rotineiros na dinâmica desses contextos.
As residências artísticas vieram também para desenvolver sua relação didática sobre suas propostas, possibilitando criar ambientes de composição de ideias e acolhimento do diferente.